Entrevistas

No domingo passado, 11 de janeiro de 2009, saiu publicado no Jornal A Gazeta do Espírito Santo uma entrevista realizada comigo na qual falei sobre o relacionamento de pais e filhos durante o período de Férias.

Mais harmonia. Relacionamento entre pais e filhos pode melhorar depois das férias bem aproveitadas

Férias: é hora de crescer

Realizado por ELAINE VIEIRA
evieira@redegazeta.com.br

O período ajuda criança e adolescentes a terem responsabilidade e a viver em sociedade


Por melhor que seja a escola do seu filho, é nas férias que ele vai aprender mais. Esse período, se bem aproveitado, pode servir para deixar crianças e adolescentes mais seguros, mais maduros e até - quem diria - melhorar seu desempenho na escola.
Investir nas férias, então, é mais do que não deixar as crianças à toa. Mas não é preciso gastar muito dinheiro para tornar esse período proveitoso e inesquecível.

A convivência com outras pessoas e a possibilidade de fazer coisas que não faria durante o ano letivo são os grandes trunfos, destaca a psicóloga e professora da Faculdade Faesa, Ana Carla Amorim Moura.
Nessa hora, liberdade vira sinônimo de responsabilidade, defende a psicopedagoga Cybele Meyer.
Para ela, deixar os filhos passarem parte das férias na casa de parentes e amigos, além de facilitar a vida dos pais que não tiram férias nesta época do ano, pode ser uma oportunidade de ensiná-los a viver em sociedade.

“Na casa de pessoas que não vê sempre, ele vai ter que usar o bom senso, exercitar seu jogo de cintura. Não vai poder bater de frente para resolver os impasses, como faz em casa”, destaca Cybele, autora de um blog com seu nome, sobre educação, além de colaboradora do site Mães com Filhos.

Segundo ela, crianças e adolescentes que convivem apenas com pais e pessoas próximas tendem a se amedrontar quando mudam de ambiente. “Conviver com posturas e valores morais diferentes dos da própria família pode ser benéfico para todos. É inclusive uma oportunidade para fazer um balanço e mudar certas coisas no relacionamento entre pais e filhos”, aponta.

MAIS DIÁLOGO

O diálogo é a melhor ferramenta para garantir que tudo dê certo, dentro e fora de casa, esclarecem as especialistas. A dica vale inclusive para falar sobre os principais medos dos pais, como o envolvimento commás-companhias, drogas e sexo.
“É preciso destacar os riscos, e deixar claro que o único prejudicado é o próprio adolescente.

Não é questão de aterrorizar, mas nessa fase o que funciona é frisar o processo de ação e reação.
Não dá para medir forças”, aconselha Cybele Meyer.

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Entrevista cedida a Fábio Galvão da CGC - Comunicação em 28/06/2008

Professores-blogueiros fazem desconferência em São Paulo

 

Sair do ambiente virtual dos blogs e fazer um encontro real, olho no olho, para discutir como as novas tecnologias podem enriquecer e melhorar a qualidade da educação brasileira. Este é um dos principais objetivos do EducaCamp, uma desconferência de professores-blogueiros que será realizada pela primeira vez no próximo dia 28, sábado, em São Paulo.

A filosofia da desconferência é ser um encontro colaborativo e sem hierarquia. Todos são convidados a participar e sugerir idéias. É um modelo muito usado por ongs e segue os conceitos das tecnologias abertas e coletivas. No Brasil já aconteceram várias desconferências deste tipo, como o NewsCamp, sobre jornalismo, e BlogCamp que tratou do mundo da blogosfera.

Para a professora Cybele Meyer, uma das organizadoras do EducaCamp juntamente com as jornalistas Ceila Santos e Lucia Freitas, a desconferência permite "uma naturalidade e  uma espontaneidade fundamentais para a explanação da realidade que habita a sala de aula". Na visão dela, que faz parte do grupo blog_educativos, uma comunidade que reúne mais de 500 professores-blogueiros de todo o Brasil, a educação precisa cada vez mais trabalhar em rede. "Vivemos numa sociedade imediatista, promovendo ações e reações em tempo real. Na educação, o dia-a-dia em rede é uma realidade e não há mais como fugir disso", diz.

A professora destaca que blog é um recurso fácil de trabalhar e favorece a interação e a integração. "O blog foi muito bem aceito tanto pelos professores quanto pelos alunos", afirma. Ela espera que o debate presencial do EducaCamp produza uma troca de idéias "com o objetivo maior de enriquecer a educação com os recursos da web".

Ceila Santos, gestora do portal do Desabafo de Mãe, um site de produção coletiva de conteúdo com foco em puericultura, acredita que o EducaCamp "pode amenizar muito a lacuna existente entre a relação dos professores com os pais". Ela diz que apesar de a educação ser um "tema obrigatório a todos", não há ainda uma conexão entre blogs de pais, professores e educadores, por exemplo. "Acredito que um bate-papo presencial pode permitir que essa troca de experiências seja percebida e assim podemos ter uma blogosfera mais conectada entre si", diz Ceila. 

Na opinião de Lucia Freitas, sócia-gerente da Conectiva Formação Acadêmica, o EducaCamp tem potencial para mudanças práticas nas ações dos professores. "Minha experiência com estes encontros diz que o simples fato de se olharem nos olhos e poderem conversar 'ao vivo' sobre as questões que os atravessam promove mudanças importantes na prática", afirma ela, que já organizou desconferências como o Campus Blog e o BlogCamp

As organizadoras do primeiro encontro de professores-blogueiros apostam nas novas tecnologias de informação e comunicação como ferramentas indispensáveis para melhorar a educação, mas alertam ser uma ilusão pensar que elas vão resolver o problema.

Na opinião de Ceila, a tecnologia não servirá para nada se o professor não assimilá-la e não descobrir novos formatos para disseminar o seu conhecimento. "São as pessoas que são capazes de transformar, radicalmente, a forma de ensinar a partir do uso que elas fazem da internet", diz. Ela frisa que a tecnologia impõe uma mudança de hábito na forma de ensinar. "O professor deixa de atuar dentro de um sistema hierárquico e passa a fazer parte do ambiente escolar, onde inclui os alunos, os pais", afirma Ceila.

Lucia Freitas defende uma mudança de paradigma. "As transformações estão aí, chegando rápido, e as escolas continuam muito parecidas com o que eram há 10 anos e foram literalmente atropeladas pela realidade", afirma. Ela diz que o problema é mundial. "Agora é superar a diferença e buscar a solução".

Cybele concorda que a tecnologia tem um grande potencial para ajudar a mudar a educação. "Com a Web 2.0, são disponibilizadas inúmeras ferramentas para que o indivíduo interaja de diferentes formas diante das informações e conteúdos, contribuindo para a construção do seu conhecimento, transformando aprendizagem mecânica em aprendizagem significativa e colocando em prática os quatro pilares da educação descritos por Jacques Delors (aprender a conhecer, a fazer, a viver junto e a ser)", afirma.

Cybele acredita que os professores estão preparados para trabalhar com as novas tecnologias de informação, mas precisam mostrar interesse e se aproximar mais dos alunos. "Somos todos aprendizes. O mais importante nesse processo é que o professor diante das novas tecnologias está mudando o paradigma até então seguido, passando do 'simples ensinar' para o 'aprender fazendo'", diz.

A professora acredita que uma nova linguagem de comunicação invadiu a escola, como exemplo os blogs, e o professor precisa se motivar para instigar os alunos. "Esta nova forma de diálogo faz com que o aluno traga, para dentro da sala de aula, a mesma linguagem que ele domina e usa no seu cotidiano. Esta parceria aluno/professor propicia uma interação mútua promovendo a aprendizagem de ambos", diz.

Ceila espera que o EducaCamp possa resultar num fortalecimento daquilo que já acontece na internet: "a troca de conhecimento e muita colaboração de todos". Cybele ressalta que mesmo após o evento "os debates e a troca de informações continuarão nos grupos de discussões objetivando um constante evoluir e um compartilhar de idéias e resultados". Lucia acredita que a desconferência irá repercutir na rede e provocar mudanças. "Os registros formarão ondas de conversas, aprendizado e mudança. Coisa fundamental para a educação hoje ", diz.

Veja o site do EducaCamp

https://educacamp.wordpress.com

Visite o blog de Cybele Meyer

www.cybelemeyer.blogspot.com

Conheça o site de Ceila Santos
https://www.desabafodemae.com.br

Acesse o blog de Lucia Freitas
https://www.ladybugbrazil.com

 

 

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Formação de Professores|Cultura Educacional |Educação E Blog

No princípio, este Blog seria sobre História, Educação, Arte, Ciência e Tecnlogia. Agora é qualquer coisa que a cabeça pensa, o coração sente e os dedos teclam na redondeza e que possa contribuir para a formação do professor no Brasil.

Entrevista Com Professores – Cybele Meyer

A professora Cybele Meyer  nos fala de sua experiência: de advogada a professora, sendo fisgada pelo prazer de educar.

Cybele Meyer é editora do Blog Educar Já.

1) Fale um pouco sobre você (de onde veio, onde trabalha, formação, etc).
Foi em Santos que passei toda minha infância e juventude, onde me casei e tive meus três filhos.

Estudei até concluir o Normal no Imaculado Coração de Maria. Sou da época em que a mulher tinha que ser prendada para se tornar uma boa esposa, pelo menos era essa a intenção dos meus pais.

Foi uma época muito boa, onde realmente aprendi, além das matérias curriculares, a bordar, pintar, cozinhar, fazer artesanato, arrumar uma mesa e muitas outras atividades extras. Quando tive que optar entre o Normal, Científico ou Biológicas, meus pais nem me perguntaram qual seria minha escolha e optaram, na matrícula, pela Normal. Não fiquei entristecida por isso, pois vinha de uma família muito conservadora e não costumava questionar as decisões por eles tomadas.

Porém, quando estava para me formar, decidi que iria cursar Direito. Meus pais quase enlouqueceram, pois afinal o ano era 1973 e estávamos em plena ditadura militar.

Quando as freiras tomaram conhecimento, chamaram meus pais e alegaram que eu havia me tornado uma comunista, porque eu havia sido educada para ser esposa e, naquela época, poucas mulheres cursavam Direito, só as comunistas!

Prestei vestibular escondida e passei. Cursei em meio a muita pressão.

Eu formei e exerci a advocacia por dez anos. Além do Direito, por gostar muito de arte, fiz Artes Plásticas e passei a pintar telas e a ministrar aulas de pintura como hobby. Ao exercer essa atividade percebi que tinha facilidade em transmitir o que sabia.

Mais tarde cursei Pós-Graduação em Pesicopedagogia Clínica e Institucional e Docência do Ensino Superior.

Em 2006 foi o último ano que estive dentro da sala de aula. Após vinte e dois anos deixei de atuar junto aos alunos para me dedicar a trabalhar com os Professores. Hoje, percorro os quatro cantos do Brasil ministrando Palestras e Oficinas de atualização para Professores.

Também dedico meu tempo ao blog que criei de apoio ao Professor. Procuro dispor neste blog material de aplicabilidade em sala de aula. Estou muito feliz com o retorno que estou tendo. É sinal de que os Professores estão em busca constante.

2) Como você se tornou professor(a)?

Quando meus filhos estavam, os três, em idade escolar e eu vivenciando o dia a dia junto com eles, me apaixonei perdidamente pelo ensinar e resolvi que iria abandonar o Direito para me dedicar à Educação. Foi o que fiz. Consegui minha primeira classe na escola onde meus filhos estudavam e iniciei minha trajetória com crianças de quatro anos. Eu me sentia revigorada, motivada e feliz.

Aos poucos fui caindo numa realidade dura, pois convivi com muitos profissionais que entravam na sala de aula já pensando no momento da saída. Sempre gostei de “inventar moda” como me falavam a cada idéia apresentada. A maioria das vezes, realizei as atividades procurando esconder que as havia feito, para evitar atritos com os colegas.

Com o passar do tempo e já mais madura na profissão resolvi que não mais agiria dessa forma e voltei a “inventar moda” e a incentivá-los para que desenvolvêssemos juntos.

3) Como tem sido a sua experiência como docente?

Posso dizer que minha experiência sempre contribuiu para o meu crescimento como profissional, pois a nossa profissão é ingrata, principalmente nos dias de hoje, quando o respeito e a admiração pelo professor estão em extinção. Nós vivemos uma realidade dura e injusta que nos mostra que quando o aluno não aprende é por culpa exclusiva do professor e quando ele aprende e se destaca o mérito vai para a escola e para o aluno.

O Professor, nos dias de hoje, é apenas um profissional “de uso”, ou seja, usado pela escola, pelos alunos e pelos pais. Porém, acredito com fervor de que esta realidade será mudada, com nosso empenho e amor ao exercício da magia do ensinar. Temos que resgatar o valor da nossa profissão. Como faremos isso? Dedicando-nos e mostrando o quanto o Professor é importante na construção do cidadão e do nosso País. O Professor foi, é e sempre será um guerreiro, que não desiste nunca, mesmo tendo pela frente os percalços vivenciados diariamente.

4) Para você, quais são as mudanças significativas que vem acontecendo na educação brasileira nos últimos anos?

Na minha visão, acredito que seja a tomada de consciência de que somente ter o aluno matriculado na escola não faz dele um estudante. Há muito tempo não havia movimentações em prol da melhoria da Educação, como nestes últimos anos. Em todas as mudanças ocorridas anteriormente, nenhuma mexeu tanto na estrutura da Educação quanto a do Fundamental de 9 anos.

Em 1971 quando foi aprovado o Ensino Fundamental de 8 anos, foi uma mudança, para melhor, com o objetivo de manter a criança durante mais tempo na escola lhe proporcionando um grau de instrução maior do que o usual naquela época, quando a maioria encerrava o estudo no 4º ano primário. Esta mudança não abalou as estruturas educacionais, pois a mudança foi praticamente na nomenclatura e na junção do primário com o ginásio.

Os alunos de 1ª a 4ª séries continuaram a ter uma única professora como já ocorria anteriormente, e os alunos de 5ª a 8ª continuaram com vários professores, um para cada matéria com aulas de cinqüenta minutos.

Agora a mudança do fundamental de nove anos, esta sim, mexeu tanto com a estrutura pedagógica quanto com a estrutura física das escolas. Uma escola para receber alunos de seis anos tem que ter um espaço condizente com as necessidades que um aluno dessa idade requer e que variam e muito das necessidades de uma criança de sete anos; tem que ter um professor capacitado para trabalhar com crianças dessa idade, que exige metodologia diferente daquela aplicada às crianças de sete anos, e assim por diante.

5) Como vê a educação no futuro próximo?

Vejo uma Educação mais consciente, colaborativa, com aplicabilidade. Uma Educação que passará a utilizar a WEB 2.0 como ferramenta de aprendizagem, possibilitando uma interação e integração entre os indivíduos permitindo a formação de opinião, o desenvolvimento da linguagem escrita, a iniciativa e tantos outros resultados, que com certeza, iremos constatar.

Acredito que agora é uma boa hora para se despertar o interesse pelo conhecimento nos nossos alunos. Eles adoram usar o computador. Se utilizarmos esta ferramenta maravilhosa com fins educacionais, os alunos irão desfrutar da aprendizagem pelo prazer e não pela busca incessante de boas notas. As boas notas serão conseqüências. Se o professor conseguir desvencilhar o uso das ferramentas na internet das notas, ou seja, não atribuir notas pelo seu desempenho online, acredito que daremos um grande passo rumo a uma aprendizagem de bons resultados dentro e fora do espaço escolar.

Entrevisa disponível no blog Soprando.net

 

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8 de Junho de 2008

Dúvidas sobre o desempenho escolar do seu filho? Pergunte para Cybele Meyer!

 

"Vivemos a sociedade do TER e não do SER. O dia em que o indivíduo passar a valorizar o SER teremos uma sociedade muito mais justa, mais coerente, mais solidária, mais humana"

Nesta entrevista, conduzida por nosso repórter Samilo Takara, a educadora Cybele Meyer fala sobre como um professor pode contribuir para a formação de um bom cidadão. Também explica como a maternidade humanizou, ainda mais, sua atuação como educadora.
Dúvidas relacionadas à Educação do seu filho ou desempenho escolar? Acesse agora o
Desabafo de Mãe e faça a sua pergunta para Cybele, uma das especialistas do site e participante da primeira edição do Educacamp, reunião de professores e blogueiros, que acontece no dia 28 de junho!

DESABAFO DE MÃE: Como é ser professora?
Cybele Meyer - Ser professora é poder participar ativamente do desenvolvimento amplo e da evolução cognitiva na formação de um cidadão. Essa responsabilidade imensa é que faz da professora uma profissional extremamente comprometida com sua profissão, participando e compartilhando dos resultados, uma magia que abraça poucas profissões. Hoje, tenho a felicidade de ver, formado e atuando em suas profissões, alunos que foram meus quando tinham cinco anos. É muito gratificante constatar que a "semente" foi plantada em "terra boa" e que contribuiu para que este aluno se tornasse um profissional competente.

DESABAFO DE MÃE: De que forma você vê a educação no Brasil e no mundo hoje?
Cybele Meyer - Diante da realidade da globalização é possível que, senão hoje, num futuro muito próximo, a Educação seja vista no Brasil e no mundo com a mesma importância. Importância essa que sempre deveria ter existido. A globalização propicia a consciência de que a Educação deve ser interativa e colaborativa. Viver é aprender! Esta é a grande realidade, e o diferencial está justamente no uso que se faz desse conhecimento. A escola não pode mais enclausurar a criatividade através de conceitos caóticos de aprendizagem. Ela tem sim que estimular, porque a criatividade necessita de estímulo constante.

DESABAFO DE MÃE: As dúvidas sobre educação das mães do Desabafo de Mãe abordam que temas? Há alguma leitura dessas preocupações?
Cybele Meyer - As dúvidas são as mesmas que toda mãe, presente na formação do seu filho, tem. Acho este espaço muito oportuno uma vez que a orientação proposta por especialista é peça fundamental para que condutas coerentes sejam realizadas. Muitas vezes a preocupação de uma mãe manifestada no site é a preocupação de muitas outras, e ter uma resposta bem fundamentada pode ajudar de maneira considerável a todos os leitores. Recomendo a todas as mães que ao se sentirem inseguras sobre determinado assunto relacionado ao seu filho, perguntem. A interação e colaboração é peça chave para se agir nos dias de hoje.

DESABAFO DE MÃE: Qual a saída para as crianças gostarem de estudar?
Cybele Meyer - Toda criança, no início, gosta de estudar, mas a didática utilizada durante décadas é responsável por tantas crianças perderem o gosto. A criança que capta com facilidade os ensinamentos "depositados" pelo professor por ser a sua linguagem de entendimento a mesma utilizada pelo professor tira boas notas e é uma criança que gosta de estudar. Já aquela criança, cuja linguagem é diferente da usada pelo professor, tem dificuldades em aprender e tira notas baixas contribuindo para que fique desmotivada e deixe de gostar de estudar. As linguagens a que me refiro são os três canais que permitem a comunicação: a visual (os alunos visuais precisam de um complemento ilustrativo para que a aprendizagem) , a auditiva (são em maioria e absorvem bem os ensinamentos transmitidos oralmente) e a sinestésica (aquele aluno que precisa experimentar o que foi falado, seja tocando ou vivenciando exemplos práticos. A criança para gostar de estudar deve estar motivada e sentir que o professor se preocupa com cada um e não com a "massa cognitiva".

DESABAFO DE MÃE: Como foi a formação de seus filhos? Você acompanhou todas as evoluções sempre?
Cybele Meyer - Quando meus filhos estavam, os três, em idade escolar e eu vivenciando o dia-a-dia junto a eles, me apaixonei perdidamente pelo ensinar e resolvi que abandonaria o Direito para me dedicar à Educação. Consegui minha primeira classe na escola onde meus filhos estudavam e iniciei minha trajetória com crianças de quatro anos. Eu me senti revigorada, motivada e feliz. Nunca dei aulas para nenhum de meus filhos, mas sempre acompanhei muito de perto a trajetória deles, que sempre tiveram prazer em estudar e nunca me deram qualquer tipo de trabalho. Hoje estão todos praticamente formados. Minha filha mais velha fez jornalismo e hoje é repórter de uma conceituada emissora de TV, meu filho se formou em engenharia e trabalha numa fábrica de telefonia e a mais nova está no último ano de veterinária e já é estagiária concursada no centro de zoonoses. Se o resultado foi bom é porque a semente foi plantada em terra boa e os cuidados foram eficazes.

DESABAFO DE MÃE: Qual a maior preocupação de uma educadora?
Cybele Meyer - A minha maior preocupação oomo educadora é conseguir falar a linguagem que o meu aluno entenda. Este é um exercício gratificante principalmente para mim que tenho que ativar a minha criatividade para conseguir decifrar e encontrar o "caminho das pedras". Não há nada mais encorajador do que, após um imenso esforço para que o aluno entenda, vê-lo conseguir prosperar nos estudos. A satisfação é imensa e se assemelha a de uma grande vitória.

DESABAFO DE MÃE: Você acredita que ser mãe colabora para melhorar suas ações profissionais? E ser professora, colabora na hora de ser mãe?
Cybele Meyer - Acredito que sim, principalmente no emocional. Esta troca entre mãe/professora e professora/mãe é muito importante porque no meu caso enquanto estava em sala de aula, toda vez que eu olhava para um aluno imaginava que ele poderia ser meu filho e o observava com olhar de mãe. Quando em casa olhava para meus filhos fazendo as tarefas imaginava que eles poderiam ser meus alunos e então os observava com olhar de professora. Acho que essa parceria humaniza ainda mais o professor.

DESABAFO DE MÃE: Como o Desabafo de Mãe pode ajudar mais na conscientização das mães sobre o que é ou não preocupante?
Cybele Meyer - Normalmente para uma mãe não existe nada que não seja preocupante. A partir do momento que ela enxerga algo que aparentemente para ela não é normal, já se tornou uma preocupação. O que eu acredito que seja importante e que o site Desabafo de Mãe faz muito bem é abordar os mais diferentes assuntos com a maior propriedade, e o seu maior diferencial é justamente deixar o espaço aberto para interações promovendo um incentivo aos esclarecimentos personalizados das aflições que as mães estejam passando. É difícil existir um local onde se possa expor o problema e receber um retorno de um especialista no assunto. Isto o Desabafo de Mãe proporciona além de compartilhar diferentes situações vividas por outras mães que desabafam naquele espaço. Isto é de uma riqueza imensa.

DESABAFO DE MÃE: Como você acha que essa frase do texto Menina Flor (de sua autoria) deve ser lida: "O quê se espera de uma flor sem família?".
Cybele Meyer - Infelizmente esta frase representa muito bem o preconceito que habita a nossa sociedade. Normalmente quando se fala em preconceito lembra-se imediatamente do preconceito em relação à cor da pele, porém há inúmeras manifestações de preconceito. Normalmente, nas cidades interioranas o não se pertencer a uma família tradicional provoca preconceito, o ser filho ilegítimo ou adotado são preconceitos que foram por mim referenciados nessa história. A preocupação constante com a aparência, com o status social, o carro do ano, as bolsas de grifes e tantos outros rótulos, deixa o principal que é o caráter, a índole, os valores, os comportamentos, o valor da palavra são totalmente esquecidos e desprezados. Vivemos a sociedade do TER e não do SER. O dia em que o indivíduo passar a valorizar o SER teremos uma sociedade muito mais justa, mais coerente, mais solidária, mais humana.

DESABAFO DE MÃE: Como é ser responsável pela formação de um ser social?
Cybele Meyer - Ser professor realmente é muito importante porque nossa matéria prima é o indivíduo e somos responsáveis por formar cidadãos conscientes de seu papel nesta sociedade. Não temos que focar somente a entrada desse aluno numa universidade e depois colocarmos a sua foto em vários outdoors com o nome da escola em negrito e espalhá-lo pela cidade. Temos sim que promover a aprendizagem, estimular a criatividade e com ela a criação de idéias conciliando com a formação de conceitos de integridade, responsabilidade, honestidade, enfim formar, em parceria com a família, um ser apto a viver e atuar em sociedade.

DESABAFO DE MÃE: Que métodos podem ajudar as mães nas "assustadoras lições de casa"?
Cybele Meyer - A lição de casa é muito importante para que o professor avalie qual o entendimento do aluno em relação à matéria exposta. Se o aluno teve um bom entendimento ele não terá dificuldades em realizar as tarefas. Se o aluno apresenta dificuldades é porque a aprendizagem não ocorreu completamente. O professor tem que saber para poder ajudar, e a melhor maneira de ocorrer esta constatação é justamente através das lições de casa. O papel das mães é cuidar para que o filho sempre faça a tarefa. Quando surgirem dúvidas, que ele as leve para a escola e que junto com a professora possam trabalhá-las para que a aprendizagem aconteça.

DESABAFO DE MÃE: O que fazer quando a criança não quer partilhar de suas vivências?
Cybele Meyer - A criança normalmente tem prazer em mostrar suas atividades, seus desenhos, suas obras. Também adora compartilhar seus brinquedos e brincadeiras, porém existem crianças tímidas, mais reservadas que necessitam de muito estímulo para se sentirem a vontade. Cada um é cada um e como tal deve ser tratado. Somente quando há uma mudança de comportamento é que se deve dar uma maior atenção. Se uma criança desinibida, que adora mostrar e compartilhar todas as suas atividades, de repente passa a se comportar de maneira oposta, aí sim se deve dar uma atenção especial e procurar descobrir o fato gerador dessa mudança. O que não se pode é justamente massificar os comportamentos. Temos que respeitar a individualidade da criança e não forçá-la a fazer aquilo que ela não quer.

DESABAFO DE MÃE: O que é ser mãe para uma educadora?
Cybele Meyer -
Ao ser mãe descobri o que é amar incondicionalmente, que após uma conversar séria sempre há lugar para um abraço, que quando não se sabe qual conselho dar, o melhor é analisar a situação com o filho, porque assim haverá uma grande parceria onde os resultados são compartilhados e nunca cobrados. Aprendi que o filho que pouco me beija não é porque me ama menos e sim porque expressa seu amor de outra forma, que cada filho é único e que todos são a minha alegria. Agradeço a Deus pelo privilégio de tê-los e por criá-los e me sinto abençoada por eles terem se tornado pessoas de bem. Obrigada pelo carinho da entrevista e me sinto acolhida e feliz por participar deste espaço tão especial.

7 comentários:

Jo disse...

Adorei a entrevista!
A Professora passou um belo exemplo. Os pais hoje em dia mal participam da vida dos filhos, e depois ficam culpando a sociedade por jovens tão mal direcionados.
cada um tem um pouco desta culpa...
Deviamos nos comprometer mais com o futuro...

Beijos
Jo

Lu Ivanike disse...

FAbulosa entrevista. Parabéns Cybele. Também sou professora e entendo e corroboro com seus pontos de vista!
E, como educadora, deixo aqui meu apelo: PAIS, a responsabilidade de estimular seus filhos é de vocês também. De nada vale fazermos malabarismos em sala para seus filhos curitirem a aula se em casa os esforços deles não recebem o devido valor. Um elogio vale mais que qualquer brinquedo caro!
Beijos

Cybele Meyer disse...

Olá Jo,

Obrigada pelo carinho.
O que você falou é uma grande verdade. O maior problema dos pais não é ter que trabalhar o dia inteiro e ter muito pouco tempo de contato com seu filho. O problema é justamente não utilizar este pouco tempo em prol de um acompanhamento da vida e dos interesses do seu filho. Tem pais que não sabem nem o nome da professora do seu filho. Parece mentira, mas não é. Concordo plenamente quando você fala sobre o comprometimento. Os pais que optarem por se comprometer colherão os frutos, certamente.
Beijinhos com carinho.

Cybele Meyer disse...

Olá Lu,

Agradeço tanto carinho.

Parabéns pelo apelo. A parceria família/escola é fundamental para o sucesso do aluno. Realmente o poder do elogio é imenso e faz toda a diferença. A criança adora compartilhar tudo o que faz. Se em casa não recebe qualquer tipo de incentivo ela acabará desanimando, uma vez que está em formação e não tem maturidade suficiente para saber o quão importante é estudar.
Beijinhos com carinho

Lucia Freitas disse...

Samilo,
Bela entrevista.
Cybele, obrigada pelo exemplo.
bj

Cybele Meyer disse...

Olá Lúcia, você sempre especial!

Obrigada pelo carinho

Beijinhos

riobertamordaminhavida disse...

Cybele, quanta saudades!!!!!
Que entrevista FANTÁSTICA!!!!
Parabéns.
Um forte abraço.

Entrevista realizada pelo blog Desabafo de Mãe

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