No domingo passado, 11 de janeiro de 2009, saiu publicado no Jornal A Gazeta do Espírito Santo uma entrevista realizada comigo na qual falei sobre o relacionamento de pais e filhos durante o período de Férias.
Mais harmonia. Relacionamento entre pais e filhos pode melhorar depois das férias bem aproveitadas
Férias: é hora de crescer
Realizado por ELAINE VIEIRA
evieira@redegazeta.com.br
O período ajuda criança e adolescentes a terem responsabilidade e a viver em sociedade
Por melhor que seja a escola do seu filho, é nas férias que ele vai aprender mais. Esse período, se bem aproveitado, pode servir para deixar crianças e adolescentes mais seguros, mais maduros e até - quem diria - melhorar seu desempenho na escola.
Investir nas férias, então, é mais do que não deixar as crianças à toa. Mas não é preciso gastar muito dinheiro para tornar esse período proveitoso e inesquecível.
A convivência com outras pessoas e a possibilidade de fazer coisas que não faria durante o ano letivo são os grandes trunfos, destaca a psicóloga e professora da Faculdade Faesa, Ana Carla Amorim Moura.
Nessa hora, liberdade vira sinônimo de responsabilidade, defende a psicopedagoga Cybele Meyer.
Para ela, deixar os filhos passarem parte das férias na casa de parentes e amigos, além de facilitar a vida dos pais que não tiram férias nesta época do ano, pode ser uma oportunidade de ensiná-los a viver em sociedade.
“Na casa de pessoas que não vê sempre, ele vai ter que usar o bom senso, exercitar seu jogo de cintura. Não vai poder bater de frente para resolver os impasses, como faz em casa”, destaca Cybele, autora de um blog com seu nome, sobre educação, além de colaboradora do site Mães com Filhos.
Segundo ela, crianças e adolescentes que convivem apenas com pais e pessoas próximas tendem a se amedrontar quando mudam de ambiente. “Conviver com posturas e valores morais diferentes dos da própria família pode ser benéfico para todos. É inclusive uma oportunidade para fazer um balanço e mudar certas coisas no relacionamento entre pais e filhos”, aponta.
MAIS DIÁLOGO
O diálogo é a melhor ferramenta para garantir que tudo dê certo, dentro e fora de casa, esclarecem as especialistas. A dica vale inclusive para falar sobre os principais medos dos pais, como o envolvimento commás-companhias, drogas e sexo.
“É preciso destacar os riscos, e deixar claro que o único prejudicado é o próprio adolescente.
Não é questão de aterrorizar, mas nessa fase o que funciona é frisar o processo de ação e reação.
Não dá para medir forças”, aconselha Cybele Meyer.
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Entrevista cedida a Fábio Galvão da CGC - Comunicação em 28/06/2008
Professores-blogueiros fazem desconferência em São Paulo
Sair do ambiente virtual dos blogs e fazer um encontro real, olho no olho, para discutir como as novas tecnologias podem enriquecer e melhorar a qualidade da educação brasileira. Este é um dos principais objetivos do EducaCamp, uma desconferência de professores-blogueiros que será realizada pela primeira vez no próximo dia 28, sábado, em São Paulo.
A filosofia da desconferência é ser um encontro colaborativo e sem hierarquia. Todos são convidados a participar e sugerir idéias. É um modelo muito usado por ongs e segue os conceitos das tecnologias abertas e coletivas. No Brasil já aconteceram várias desconferências deste tipo, como o NewsCamp, sobre jornalismo, e BlogCamp que tratou do mundo da blogosfera.
Para a professora Cybele Meyer, uma das organizadoras do EducaCamp juntamente com as jornalistas Ceila Santos e Lucia Freitas, a desconferência permite "uma naturalidade e uma espontaneidade fundamentais para a explanação da realidade que habita a sala de aula". Na visão dela, que faz parte do grupo blog_educativos, uma comunidade que reúne mais de 500 professores-blogueiros de todo o Brasil, a educação precisa cada vez mais trabalhar em rede. "Vivemos numa sociedade imediatista, promovendo ações e reações em tempo real. Na educação, o dia-a-dia em rede é uma realidade e não há mais como fugir disso", diz.
A professora destaca que blog é um recurso fácil de trabalhar e favorece a interação e a integração. "O blog foi muito bem aceito tanto pelos professores quanto pelos alunos", afirma. Ela espera que o debate presencial do EducaCamp produza uma troca de idéias "com o objetivo maior de enriquecer a educação com os recursos da web".
Ceila Santos, gestora do portal do Desabafo de Mãe, um site de produção coletiva de conteúdo com foco em puericultura, acredita que o EducaCamp "pode amenizar muito a lacuna existente entre a relação dos professores com os pais". Ela diz que apesar de a educação ser um "tema obrigatório a todos", não há ainda uma conexão entre blogs de pais, professores e educadores, por exemplo. "Acredito que um bate-papo presencial pode permitir que essa troca de experiências seja percebida e assim podemos ter uma blogosfera mais conectada entre si", diz Ceila.
Na opinião de Lucia Freitas, sócia-gerente da Conectiva Formação Acadêmica, o EducaCamp tem potencial para mudanças práticas nas ações dos professores. "Minha experiência com estes encontros diz que o simples fato de se olharem nos olhos e poderem conversar 'ao vivo' sobre as questões que os atravessam promove mudanças importantes na prática", afirma ela, que já organizou desconferências como o Campus Blog e o BlogCamp.
As organizadoras do primeiro encontro de professores-blogueiros apostam nas novas tecnologias de informação e comunicação como ferramentas indispensáveis para melhorar a educação, mas alertam ser uma ilusão pensar que elas vão resolver o problema.
Na opinião de Ceila, a tecnologia não servirá para nada se o professor não assimilá-la e não descobrir novos formatos para disseminar o seu conhecimento. "São as pessoas que são capazes de transformar, radicalmente, a forma de ensinar a partir do uso que elas fazem da internet", diz. Ela frisa que a tecnologia impõe uma mudança de hábito na forma de ensinar. "O professor deixa de atuar dentro de um sistema hierárquico e passa a fazer parte do ambiente escolar, onde inclui os alunos, os pais", afirma Ceila.
Lucia Freitas defende uma mudança de paradigma. "As transformações estão aí, chegando rápido, e as escolas continuam muito parecidas com o que eram há 10 anos e foram literalmente atropeladas pela realidade", afirma. Ela diz que o problema é mundial. "Agora é superar a diferença e buscar a solução".
Cybele concorda que a tecnologia tem um grande potencial para ajudar a mudar a educação. "Com a Web 2.0, são disponibilizadas inúmeras ferramentas para que o indivíduo interaja de diferentes formas diante das informações e conteúdos, contribuindo para a construção do seu conhecimento, transformando aprendizagem mecânica em aprendizagem significativa e colocando em prática os quatro pilares da educação descritos por Jacques Delors (aprender a conhecer, a fazer, a viver junto e a ser)", afirma.
Cybele acredita que os professores estão preparados para trabalhar com as novas tecnologias de informação, mas precisam mostrar interesse e se aproximar mais dos alunos. "Somos todos aprendizes. O mais importante nesse processo é que o professor diante das novas tecnologias está mudando o paradigma até então seguido, passando do 'simples ensinar' para o 'aprender fazendo'", diz.
A professora acredita que uma nova linguagem de comunicação invadiu a escola, como exemplo os blogs, e o professor precisa se motivar para instigar os alunos. "Esta nova forma de diálogo faz com que o aluno traga, para dentro da sala de aula, a mesma linguagem que ele domina e usa no seu cotidiano. Esta parceria aluno/professor propicia uma interação mútua promovendo a aprendizagem de ambos", diz.
Ceila espera que o EducaCamp possa resultar num fortalecimento daquilo que já acontece na internet: "a troca de conhecimento e muita colaboração de todos". Cybele ressalta que mesmo após o evento "os debates e a troca de informações continuarão nos grupos de discussões objetivando um constante evoluir e um compartilhar de idéias e resultados". Lucia acredita que a desconferência irá repercutir na rede e provocar mudanças. "Os registros formarão ondas de conversas, aprendizado e mudança. Coisa fundamental para a educação hoje ", diz.
Veja o site do EducaCamp
https://educacamp.wordpress.com
Visite o blog de Cybele Meyer
Conheça o site de Ceila Santos
https://www.desabafodemae.com.br
Acesse o blog de Lucia Freitas
https://www.ladybugbrazil.com
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A professora Cybele Meyer nos fala de sua experiência: de advogada a professora, sendo fisgada pelo prazer de educar.
Cybele Meyer é editora do Blog Educar Já.
1) Fale um pouco sobre você (de onde veio, onde trabalha, formação, etc).
Foi em Santos que passei toda minha infância e juventude, onde me casei e tive meus três filhos.
Estudei até concluir o Normal no Imaculado Coração de Maria. Sou da época em que a mulher tinha que ser prendada para se tornar uma boa esposa, pelo menos era essa a intenção dos meus pais.
Foi uma época muito boa, onde realmente aprendi, além das matérias curriculares, a bordar, pintar, cozinhar, fazer artesanato, arrumar uma mesa e muitas outras atividades extras. Quando tive que optar entre o Normal, Científico ou Biológicas, meus pais nem me perguntaram qual seria minha escolha e optaram, na matrícula, pela Normal. Não fiquei entristecida por isso, pois vinha de uma família muito conservadora e não costumava questionar as decisões por eles tomadas.
Porém, quando estava para me formar, decidi que iria cursar Direito. Meus pais quase enlouqueceram, pois afinal o ano era 1973 e estávamos em plena ditadura militar.
Quando as freiras tomaram conhecimento, chamaram meus pais e alegaram que eu havia me tornado uma comunista, porque eu havia sido educada para ser esposa e, naquela época, poucas mulheres cursavam Direito, só as comunistas!
Prestei vestibular escondida e passei. Cursei em meio a muita pressão.
Eu formei e exerci a advocacia por dez anos. Além do Direito, por gostar muito de arte, fiz Artes Plásticas e passei a pintar telas e a ministrar aulas de pintura como hobby. Ao exercer essa atividade percebi que tinha facilidade em transmitir o que sabia.
Mais tarde cursei Pós-Graduação em Pesicopedagogia Clínica e Institucional e Docência do Ensino Superior.
Em 2006 foi o último ano que estive dentro da sala de aula. Após vinte e dois anos deixei de atuar junto aos alunos para me dedicar a trabalhar com os Professores. Hoje, percorro os quatro cantos do Brasil ministrando Palestras e Oficinas de atualização para Professores.
Também dedico meu tempo ao blog que criei de apoio ao Professor. Procuro dispor neste blog material de aplicabilidade em sala de aula. Estou muito feliz com o retorno que estou tendo. É sinal de que os Professores estão em busca constante.
2) Como você se tornou professor(a)?
Quando meus filhos estavam, os três, em idade escolar e eu vivenciando o dia a dia junto com eles, me apaixonei perdidamente pelo ensinar e resolvi que iria abandonar o Direito para me dedicar à Educação. Foi o que fiz. Consegui minha primeira classe na escola onde meus filhos estudavam e iniciei minha trajetória com crianças de quatro anos. Eu me sentia revigorada, motivada e feliz.
Aos poucos fui caindo numa realidade dura, pois convivi com muitos profissionais que entravam na sala de aula já pensando no momento da saída. Sempre gostei de “inventar moda” como me falavam a cada idéia apresentada. A maioria das vezes, realizei as atividades procurando esconder que as havia feito, para evitar atritos com os colegas.
Com o passar do tempo e já mais madura na profissão resolvi que não mais agiria dessa forma e voltei a “inventar moda” e a incentivá-los para que desenvolvêssemos juntos.
3) Como tem sido a sua experiência como docente?
Posso dizer que minha experiência sempre contribuiu para o meu crescimento como profissional, pois a nossa profissão é ingrata, principalmente nos dias de hoje, quando o respeito e a admiração pelo professor estão em extinção. Nós vivemos uma realidade dura e injusta que nos mostra que quando o aluno não aprende é por culpa exclusiva do professor e quando ele aprende e se destaca o mérito vai para a escola e para o aluno.
O Professor, nos dias de hoje, é apenas um profissional “de uso”, ou seja, usado pela escola, pelos alunos e pelos pais. Porém, acredito com fervor de que esta realidade será mudada, com nosso empenho e amor ao exercício da magia do ensinar. Temos que resgatar o valor da nossa profissão. Como faremos isso? Dedicando-nos e mostrando o quanto o Professor é importante na construção do cidadão e do nosso País. O Professor foi, é e sempre será um guerreiro, que não desiste nunca, mesmo tendo pela frente os percalços vivenciados diariamente.
4) Para você, quais são as mudanças significativas que vem acontecendo na educação brasileira nos últimos anos?
Na minha visão, acredito que seja a tomada de consciência de que somente ter o aluno matriculado na escola não faz dele um estudante. Há muito tempo não havia movimentações em prol da melhoria da Educação, como nestes últimos anos. Em todas as mudanças ocorridas anteriormente, nenhuma mexeu tanto na estrutura da Educação quanto a do Fundamental de 9 anos.
Em 1971 quando foi aprovado o Ensino Fundamental de 8 anos, foi uma mudança, para melhor, com o objetivo de manter a criança durante mais tempo na escola lhe proporcionando um grau de instrução maior do que o usual naquela época, quando a maioria encerrava o estudo no 4º ano primário. Esta mudança não abalou as estruturas educacionais, pois a mudança foi praticamente na nomenclatura e na junção do primário com o ginásio.
Os alunos de 1ª a 4ª séries continuaram a ter uma única professora como já ocorria anteriormente, e os alunos de 5ª a 8ª continuaram com vários professores, um para cada matéria com aulas de cinqüenta minutos.
Agora a mudança do fundamental de nove anos, esta sim, mexeu tanto com a estrutura pedagógica quanto com a estrutura física das escolas. Uma escola para receber alunos de seis anos tem que ter um espaço condizente com as necessidades que um aluno dessa idade requer e que variam e muito das necessidades de uma criança de sete anos; tem que ter um professor capacitado para trabalhar com crianças dessa idade, que exige metodologia diferente daquela aplicada às crianças de sete anos, e assim por diante.
5) Como vê a educação no futuro próximo?
Vejo uma Educação mais consciente, colaborativa, com aplicabilidade. Uma Educação que passará a utilizar a WEB 2.0 como ferramenta de aprendizagem, possibilitando uma interação e integração entre os indivíduos permitindo a formação de opinião, o desenvolvimento da linguagem escrita, a iniciativa e tantos outros resultados, que com certeza, iremos constatar.
Acredito que agora é uma boa hora para se despertar o interesse pelo conhecimento nos nossos alunos. Eles adoram usar o computador. Se utilizarmos esta ferramenta maravilhosa com fins educacionais, os alunos irão desfrutar da aprendizagem pelo prazer e não pela busca incessante de boas notas. As boas notas serão conseqüências. Se o professor conseguir desvencilhar o uso das ferramentas na internet das notas, ou seja, não atribuir notas pelo seu desempenho online, acredito que daremos um grande passo rumo a uma aprendizagem de bons resultados dentro e fora do espaço escolar.
Entrevisa disponível no blog Soprando.net
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Dúvidas sobre o desempenho escolar do seu filho? Pergunte para Cybele Meyer!
Entrevista realizada pelo blog Desabafo de Mãe
Adorei a entrevista!
A Professora passou um belo exemplo. Os pais hoje em dia mal participam da vida dos filhos, e depois ficam culpando a sociedade por jovens tão mal direcionados.
cada um tem um pouco desta culpa...
Deviamos nos comprometer mais com o futuro...
Beijos
Jo
FAbulosa entrevista. Parabéns Cybele. Também sou professora e entendo e corroboro com seus pontos de vista!
E, como educadora, deixo aqui meu apelo: PAIS, a responsabilidade de estimular seus filhos é de vocês também. De nada vale fazermos malabarismos em sala para seus filhos curitirem a aula se em casa os esforços deles não recebem o devido valor. Um elogio vale mais que qualquer brinquedo caro!
Beijos
Olá Jo,
Obrigada pelo carinho.
O que você falou é uma grande verdade. O maior problema dos pais não é ter que trabalhar o dia inteiro e ter muito pouco tempo de contato com seu filho. O problema é justamente não utilizar este pouco tempo em prol de um acompanhamento da vida e dos interesses do seu filho. Tem pais que não sabem nem o nome da professora do seu filho. Parece mentira, mas não é. Concordo plenamente quando você fala sobre o comprometimento. Os pais que optarem por se comprometer colherão os frutos, certamente.
Beijinhos com carinho.
Olá Lu,
Agradeço tanto carinho.
Parabéns pelo apelo. A parceria família/escola é fundamental para o sucesso do aluno. Realmente o poder do elogio é imenso e faz toda a diferença. A criança adora compartilhar tudo o que faz. Se em casa não recebe qualquer tipo de incentivo ela acabará desanimando, uma vez que está em formação e não tem maturidade suficiente para saber o quão importante é estudar.
Beijinhos com carinho
Samilo,
Bela entrevista.
Cybele, obrigada pelo exemplo.
bj
Olá Lúcia, você sempre especial!
Obrigada pelo carinho
Beijinhos
Cybele, quanta saudades!!!!!
Que entrevista FANTÁSTICA!!!!
Parabéns.
Um forte abraço.